cabeça



Não me é fácil manter a cabeça em cima dos ombros. Nunca foi. Por entre vontades de agradar e obcecadas e intermináveis procuras de pontos de vista, fico muitas vezes como o tolo no meio da ponte: leio isto e concordo, vejo aquilo e concordo, oiço aqueloutro e parece-me carregado de razão. Frequentemente chego à conclusão que a posição certa é algures entre todas aquelas que conheci, mas ainda assim não a consigo formular convenientemente, e, não raras vezes, fico caladinho como um chasco. E nunca gosto disso.

Desta vez é a eutanásia, o Marega e o racismo, o casamento dos padres, a ordenação das mulheres... tudo quase que me exige uma tomada de posição. E há tantas variantes a considerar!

Ontem, na eucaristia, aconteceu-me o que me acontece muitas vezes: a sabedoria profunda do meu pároco leva-me, na homilia, a reconsiderar pensamentos e posicionamentos. A eucaristia é, desde há uns anos para cá, como que um barómetro. Diz-me como estou, ressintoniza-me, reorienta-me, recoloca-me no lugar onde deveria estar mas quase nunca estou Por vezes há demasiado mundo em mim para tão pouca teologia. Não que isso me preocupe em demasia - é ao mundo que pertenço, é no mundo que eu vivo, é mergulhado no mundo que eu testemunho e vivo a fé - mas volta e meia é importante que eu volta a olhar com os olhos da fé. 

É que é apenas a partir dessa conjugação - mundo e fé - eu consigo descortinar o meu lugar. E manter a cabeça em cima dos ombros.

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