Do Livro de Ben Sirá 6, 5-17

A palavra amável multiplica os amigos
e uma língua afável atrai saudações agradáveis.
Sejam muitos os que te saúdam,
mas por conselheiro escolhe um entre mil.
Se quiseres um amigo, tens de o pôr à prova
e não tenhas pressa em lhe dar a tua confiança.
Porque há amigos de ocasião,
que não serão fiéis no dia da adversidade.
Há amigos que se tornam inimigos,
revelando as vossas contendas para tua humilhação.
Há amigos para a mesa,
que não serão fiéis no dia da desgraça.
Na tua prosperidade estará contigo,
falando livremente aos teus familiares;
mas se fores humilhado, será contra ti e esconder-se-á da tua presença.
Afasta-te dos teus inimigos e acautela-te dos teus amigos.
O amigo fiel é abrigo seguro: quem o encontrou descobriu um tesouro.
O amigo fiel não tem preço: não se pode medir o seu valor.
O amigo fiel é remédio da vida: os que temem o Senhor hão de encontrá-lo.
Quem teme o Senhor orienta bem a sua amizade,

porque tal como ele é, assim é o seu amigo.

Hoje rezei-te. Rezei-nos. Agradecendo. Louvando. Trazendo à mente as nossas memórias, as nossas conversas, as nossas caminhadas, aquelas imensamente pequenas coisas que nos fazem pertença. As vezes que fomos escuta mútua, partilha, divisão, multiplicidade, sintonia, cumplicidade. Revisitei o sol que nos queimava, a lua que nos iluminava, as manhãs frias e as noites quentes, os cheiros, os sabores. Recordei os choros e os risos e as palavras, a imensas palavras trocadas quase em surdina ou vociferadas por entre brincadeiras disparatadas. As palavras sábias, certeiras, na hora certa, no momento exato, e aquelas completamente ao lado, completamente fora do contexto, que provocaram espanto e ira. Ambas, as palavras, incómodas, desinstaladoras, abanadoras de consciências, despertadoras de mundos interiores até então nunca pensados, são também o nosso património, pertença nossa, pertença mútua. Pensei nos para sempre e nos nunca mais que volta e meia semeamos e depois morrem de fome e de sede porque nunca mais os alimentamos. Pensei em como o deixar correr, deixar que o tempo seja tempo, deixar que a vida faça vida, não nos separa nem nos une, que o nosso lugar comum é exatamente aquele que sempre foi, que sempre será, sem qualquer alteração, com uma estranheza desvanecida após os cinco segundos em que os nossos olhares se encontram e se reconhecem e rejubilam por nos voltarmos a encontrar. 
Hoje rezei-te. Rezei-nos. Agradecendo a Deus. Louvando a Deus.
Por te ter na minha vida.
Desde sempre.
Para sempre.

Obrigado

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