No mundo imaginário e fantasioso onde algumas vezes ainda vivo tudo se resolve. Uma boa conversa, um sincero pedido de desculpas, um escancaramento da alma, constituem a mezinha que tudo soluciona e tudo resolve. Um sorriso, ainda que ténue, é garantia que a alegria vai ocupando o lugar da dor provocada e tudo, a partir daí, serão boas memórias. O problema é que o único lugar onde vivo sozinho é nesse mundo imaginário e fantasioso. Na vida real não existo apenas eu e as minhas adolescentes fantasias. E o que eu digo tem consequências. E o que eu faço tem consequências. No mundo mesmo. Que não deixam de existir nem passam com duas de letra. E às tantas esse mundo onde por vezes ainda habito torna-se efetivamente  pernicioso. Na pele, nos ossos e na alma justamente daqueles que me são mais próximos. Da pele, dos ossos... da alma.

Esses, justamente esses (porque apenas esses me conhecem a esse ponto), antecipam por vezes a catástrofe apelando a que ponha ambos os pés na terra. Pedem-me que pare de sonhar, não entendem como sou capaz de viver assim, ora num ora noutro mundo, como se fosse habitado por duas distintas realidades. Tentam, em vão, meter algum juízo nesta cabecinha mais sonhadora que pensadora e, tragicamente, raramente saem vencedores. Fatidicamente, de uma forma ou de outra, acabam por ser contagiados por essa fantasia que me transborda por todos os pólos, amando e confiando que desta vez é que é.

Perante a recorrência, não adianta argumentar. E o  pueril "não foi por mal" nem de fraco consolo serve mas de arma de arremesso de auto-punição. Talvez o silêncio. Apesar de potenciador de todos os mal-entedidos. Talvez o silêncio seja um bom refúgio. Talvez aí apenas eu habite. E não faça mal a ninguém.

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