Sinto sempre enorme vontade de me enclausurar. Como se me pudesse manter assim, formatado, seguro, com os pés sempre bem assentes em terra bem firme. De olhos postos no chão, desinteresso-me pelo voar e pelas coisas do alto. Manter é a palavra chave. Sossego é o objetivo a alcançar. E sossego. Efetivamente. O corpo. A alma. O espírito. Seguro-me ao que é seguro. Enraizo-me no que é certo. Indubitavelmente certo. Inquestionavelmente certo.

A intimidade tem muitos nomes. E muitas formas. Variadas. E um tempo que é apenas seu. Que pára. Que é imune ao próprio tempo. E tem sempre, sempre, uma presença. Que poderá ou não estar presente. Mas que é sempre presente. E tempo e presença conluiem-se e tudo tornam diferente. Um momento é tudo quando há presença. Um ano é nada na ausência. Estamos juntos e sempre fomos juntos. Recebo uma foto, enviam-me um poema, leio um abraço distante que me é dirigido e é apenas meu. E o tempo pára. E somos juntos.

Sinto sempre enorme vontade de voar. Como se me pudesse manter assim, livre, meu, com a alma sempre a viajar. De asas bem abertas, de velas bem enfunadas ao vento, deixo-me contagiar pelo que me invade os sentidos. Saborear é a palavra chave. Liberdade, é o meu viver.  Sentir, o objetivo a alcançar. Nada mais importa senão saborear o sentir. Sem amarras, sem âncoras, sem raízes.

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