Não dou pessoa de viver do passado. Ou de saudosismos. o "naquele tempo..." apresenta-se-me sempre recolorido, refeito, cheio de coisas (inconscientemente?) varridas para debaixo do tapete e que dão a ilusão de uma perfeição na verdade nunca sentida. Até porque, a utilizar o naqueletempismo, em cada altura estávamos demasiado saudosos do que se passava "naquele tempo..."

Mas sou pessoa para gostar da história. Qualquer que seja a história, qualquer que seja o percurso, qualquer que seja a memória. Mesmo a mais dolorosa. E de não a renegar. Se quem vive de passado é museu, como li algures, também é verdade que não renascemos a cada dia, a cada hora, a cada momento. E seria profundamente imprudente e estúpido não sabermos ler o que nos vai acontecendo. Nem acredito que a vida seja possível de outra maneira.

Hoje entretive-me a revisitar. Pessoas e momentos e vidas que se me afiguram tão longínquas que tenho alguma dificuldade em ter como minhas. Não uma nem duas mas muitas vidas passadas onde vejo eus tão diferentes de mim que mal me reconheço neles. Doces vidas, doces memórias, alegres na sua maior parte porque quando não estou bem não me coloco em situação de ser registado. Muito menos por câmara alheia. E alegrias sempre exacerbadas, sempre muito vividas, muito gritadas, muito cantadas e dançadas e apalhaçadas. Que espelham bem que eu não sei fazer as coisas pela metade.

Muito menos sei sentir pela metade.

Com o imenso que tudo isso implica.

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