Lentamente, como quem não quer a coisa, vai-se reinstalando a necessidade de escrever. Vou aprendendo com o tempo a irrelevância da vontade nestas coisas da minha escrita. Não adianta nada sentar-me ao computador, não adianta nada puxar pela cabeça, não adianta nada pensar que "já não escrevo nada há tanto tempo!"  para que as coisas funcionem. A minha excrita vive muito de sensações, de procuras e desejos, e, fundamentalmente, de necessidades. Há alturas em que tenho mesmo de escrever, nem que seja sarrabiscando numa qualquer folha de papel. Noutras, porém, o tempo é outro, é de busca, de recolha, de ler, ler, ler, ver, ver, ver, preparar e voltar a preparar, delinear e projetar. Nestas alturas funciono como uma esponja, como um esfomeado que tudo recolhe para comer, sem qualquer critério, onde tudo o que vem à rede é peixe. Depois, já cheio, enfartado, começo a sentir necessidade de processar, de escolher, de separar o trigo do joio para ficar com aquilo que realmente vale a pena.

Lentamente, como quem não quer a coisa, esse tempo vai chegando. Ainda bem. Não gosto da sofreguidão de viver. Gosto muito mais da reflexão. É a minha praia.

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