Eu digo, muitas vezes, mais ou menos em tom de brincadeira, que me orgulho do meu lado feminino. E sempre que o faço em tom de brincadeira é com o intuito de me colocar em bicos de pés, é porque reconheço uma qualquer característica ou dom que eu não tenho e que, não sendo exclusivo dos homens - assim de repente não me recordo de alguma coisa do foro psicológico que seja exclusiva de homens ou mulheres - consigo perceber que é mais numerosa nas mulheres. Eu não acho nada que homens e mulheres sejam a mesma coisa. Mas também não acho que o Joaquim e o Manel sejam a mesma coisa. Mesmo numa relação, qualquer que seja a forma com que se reveste, há diversos papéis que são desempenhados alternada ou simultaneamente, porque ninguém é igual a ninguém, Graças a Deus! Daqui decorre a minha tremenda dificuldade em entender todas as questiúnculas que, de ambos os lados da barricada, ocorrem frequentemente. Irrita-me solenemente - porque acentua a diferença - o portugueses e portuguesas dos discursos políticos, por exemplo, ou dizer que Deus veio para os homens e as mulheres... Claro que, sendo eu homem, nunca me senti afetado por esta linguagem, mas aprendi - com mulheres, claro - que ela pode ser importante. A questão é que nós tomemos consciência que as mulheres toma parte, são parte, fazem parte, e uma parte tão importante quanto qualquer outra. Para mim, no entanto, esta ainda é uma não questão. 

Tenho acompanhado o sínodo com as dificuldades de quem não tem acesso direto aos discursos e documentos  - desconfio sempre! - e também, naturalmente, a temática das mulheres dentro da Igreja. E como percebo a sua luta! Graças a Deus, trabalho num Instituto feminino e não entendo como podem as mulheres com quem lido todos os dias ser vistas mais ou menos de esguelha seja por quem for e por que motivo for. Nada justifica. E quando leio que será mais fácil termos homens casados que acedam ao sacerdócio que mulheres, sei que vou ter grandes dificuldades ao jantar para tentar explicar isto às minhas filhas. E que será mais um motivo para elas não se sentirem inteiras na Igreja. Sim, estamos num abençoado e há muito desejado processo de limitarmos o clericalismo e não convém meter pedras na engrenagem, mas ser sacerdote é servir e não entendo como as mulheres têm mais dificuldade em servir que os homens. Ou o motivo é outro? (pergunta retórica). No meu quotidiano eu sirvo e sou servido por pessoas e profissionalmente coordeno e sou coordenado por pessoas, e a minha preocupação não é, de todo, se uns e outros são mulheres ou homens ou altos ou baixos ou o que quer que queiram ser na sua liberdade de Filhos do mesmo Pai, mas se o seu olhar brilha. Quaisquer que sejam as suas circunstâncias. E as suas escolhas.

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