Depois de uma Jornada que, por todos os motivos e mais um, me encheu a medida, estou, finalmente! de férias. Como sempre acontece, ontem fui à missa. Uma igreja pequenina, fora dos grandes centros, predominantemente com avós e alguns netos. No altar, um sacerdote que poderia ser avô, a debitar, solene e profusamente, sobre o que aconteceu na JMJ: a maravilha que é ter tanta juventude reunida, a enorme importância do silêncio - que, segundo ele, os jovens não conseguem fazer (e ele não se calou um segundo!) - a organização da Igreja, capaz de congregar gente de todo o mundo, e sobretudo a centralidade da eucaristia dominical pois sem a paróquia nada se consegue. E termina a homilia assim: vamos rezar pelos nossos jovens, para que eles descubram que é possível a alegria na Igreja. Como se a alegria em que vivi mergulhado na semana passada acontecesse por causa deles e não apesar deles!

Confesso que me torci todo com aquela homilia autoreferencial. Como é possível, depois do que vivi, depois do que vivemos todos, depois do que vibramos e cantamos e mergulharmos em louvor numa multidão nunca antes vista, deitarmos da boca para fora que nós é que temos que ensinar e nada temos a aprender? Só por muito medo da eventual irrelevância!

Eu acredito muito na Igreja. É uma parte importante do que sou, de como vivo, com quem quero viver, e estou em total sintonia com o Papa Francisco quando ele diz que todos têm lugar na Igreja. Todos. Os novos, os velhos, os modernos, os conservadores… todos. Mas temos que mudar. Rapidamente. Temos que regressar a Jesus, ao Evangelho, ao simples e pequeno. Temos de regressar à alegria genuína da pertença, nas circunstâncias concretas de cada um porque é aí, nessas circunstâncias, que se dá o Encontro. Temos que regressar ao silêncio, revelador, rico, próprio e partilhado, sem o encher com palavras, que são importantes mas demasiadas vezes castradoras. Sobretudo, temos que regressar ao olhar de Jesus. Que ver como Ele nos ensinou a ver, a amar como Ele nos ensinou a amar, a colocar-nos perante os outros como Ele se colocou: sob e não sobre. 

Estamos, todos, tão longe!

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