Tenho o verdadeiro privilégio de andar a discutir o Sínodo em vários fóruns. Eu levo estas coisas muito a sério. Como católico, claro, mas sobretudo como pai e educador católico. Durante anos, ao falar da Igreja, dizia a quem me quisesse ouvir que vivemos tempos entusiasmantes na Igreja. Depois do balde de água fria do pós Concílio Vaticano II, em que, quase sempre por impreparação e excesso de reverencia, permitimos que ficasse quase tudo mais ou menos na mesma, temos agora uma oportunidade de retomar o caminho, porventura de uma forma mais aguerrida, mais consciente, de uma Igreja mais próxima do Evangelho. 

Eu amo esta Igreja. Sim, esta mesma, a católica apostólica e romana cujo credo rezamos ao domingo. Amo-a, pertenço-lhe de cabeça erguida, com toda a consciência  das suas / nossas falhas e pecados e fragilidades. Sim, eu conheço bem a história da Igreja e a dos homens e sei que cometemos horrores, que condenamos pessoas e que fomos / somos uma muitíssimo pálida imagem de Jesus Cristo. Sim, eu sei que há montes de pessoas com uma fé maior e mais esclarecida que a minha, com um conhecimento muito mais profundo que o meu, com vidas muito mais condizentes que a minha e que, todos os dias, são afastadas da comunhão ou da plena ação de acordo com os seus dons e desejo profundo de os exercer dentro e não à margem da Igreja. Sim, eu sei que, juntos, formamos um só povo, e esse povo tem que ter lugar para todos os que querem, de boa vontade, contribuir para que o Reino aconteça já hoje, aqui, agora, ainda que não na sua plenitude.

Eu sei disso tudo e por isso estou tão entusiasmado. Porque não podemos perder a oportunidade. Todos nós. Porque se a Igreja fosse perfeita não precisaria de sínodos ou de concílios ou de escutar as pessoas. Porque se a Igreja não pudesse ser discutida por todos nós, batizados, não seria a Igreja de um Cristo que acolhe, mas a de um deus ditador. Porque se a Igreja não fosse a dos homens e mulheres batizados seria apenas a da hierarquia, com poderes discricionários, como se houvesse uma ordem específica de dignidade pré-estabelecida (e eu acredito na necessidade da hierarquia). Porque, por tudo isto e mais uma imensidão de outras coisas, temos o dever de ir ao encontro, de escutar, de clarear, de transmitir, de caminharmos, todos, juntos, para que esta seja uma Igreja de todos, para todos e com todos os que queiram, de coração aberto, ser parte dela. 

Vamos a isso.

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