Estamos equivocados. Muitos de nós. A Verdade do Amor nada tem a ver com a passagem do tempo. Absolutamente nada! O Amor que está presente quando se estende a mão a um desconhecido em dificuldade em nada é menor que o Amor com que se escuta um amigo de longa data em dificuldade. Nada! O Amor primaveril que nos dá a conhecer as borboletas que esvoaçam quando conhecemos a nossa outra metade em nada é menor que o Amor com que, muitos anos mais tarde, nos embevecemos mutuamente achando belas as rugas que vemos um no outro. O Amor incomensurável, indescritível e intensamente novo que nos revolve as entranhas quase até à náusea perante a notícia que vamos ter um filho em nada é menor que o intenso Amor que nos continua a revolver as entranhas quando o vemos, anos mais tarde, a fazer as suas escolhas, a cometer os seus erros, a viver a sua vida de corpo inteiro. O Amor é do domínio do eterno, e o eterno do Amor não é o para sempre, mas o sempre, o sem tempo, o que inclui este fugaz, mas decisivo momento que é o agora e que, para o Amor, é o único momento que conta. Se eu não te amar hoje, aqui, agora, de nada te adianta ter-te amado a vida toda e muito menos a promessa de amor futuro. Se eu não te amar hoje, aqui, agora, tudo o que temos é a memória do Amor, não a vida intensa, latejada, visceral e avassaladora, do Amor. Claro que não somos meros instantes. Claro que sentimos a necessidade expectável de amar e de nos sentirmos profundamente amados, seguramente amados, prolongadamente amados. Mas essa é uma necessidade sôfrega, nossa, de cada um de nós, que decorre da consciência da nossa pequenez, da escassez do nosso tempo, da inevitabilidade da nossa própria finitude. Uma finitude que acaba assim que começa o Amor. Quando por ele (Ele?) nos deixamos habitar. A Verdade do Amor nada tem a ver com a passagem do tempo. Absolutamente nada! Deus não nos ama porque somos eternos. Deus faz-nos eternos porque nos ama! Porque a eternidade não é viver no amor. A eternidade é ser amor.
Depois de uma Jornada que, por todos os motivos e mais um, me encheu a medida, estou, finalmente! de férias. Como sempre acontece, ontem fui à missa. Uma igreja pequenina, fora dos grandes centros, predominantemente com avós e alguns netos. No altar, um sacerdote que poderia ser avô, a debitar, solene e profusamente, sobre o que aconteceu na JMJ: a maravilha que é ter tanta juventude reunida, a enorme importância do silêncio - que, segundo ele, os jovens não conseguem fazer (e ele não se calou um segundo!) - a organização da Igreja, capaz de congregar gente de todo o mundo, e sobretudo a centralidade da eucaristia dominical pois sem a paróquia nada se consegue. E termina a homilia assim: vamos rezar pelos nossos jovens, para que eles descubram que é possível a alegria na Igreja. Como se a alegria em que vivi mergulhado na semana passada acontecesse por causa deles e não apesar deles! Confesso que me torci todo com aquela homilia autoreferencial. Como é possível, depois do que vivi, dep
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