Acredito que não serei caso único, mas serei, com certeza, aquele que está mais próximo de mim e por isso aquele sobre o qual poderei referir algo com maior propriedade. A verdade é que, no meu papel de educador, dou quase sempre aquilo que mais falta me faz. Que me é mais precioso. Que me seria de maior utilidade. Que, aplicado a mim, me tornaria melhor pessoa. Sei imenso sobre bons conselhos, sobre as posturas certas a adotar na vida, sobre o que é melhor fazer, quais as melhores referências, aquilo que é fundamental e o que é dispensável. Sei disso tudo e com tudo isso que sei consigo proferir um discurso articulado e adequado à situação e, sobretudo, a quem tenho diante de mim. O meu problema não é esse. O meu problema é que, se me estiver a escutar qualquer pessoa que me conheça mais ou menos bem rir-se-à, se não às claras, certamente para dentro. Na realidade, os meus conselhos normalmente são ótimos mas fico sem eles para mim. E como precisava de os seguir! Esta consciência aguçada entre o que efetivamente sou e o que poderia ser - se fosse mais cuidadoso, persistente e rigoroso - volta e meia arrasta-me para uma pesada culpa que me imobiliza e deprime. Outras vezes, porém, consigo perceber que esse é o meu caminho, é aquilo que me é dado a percorrer, lentamente, penosamente, com custos imensos para aqueles que me acompanham, e que não me posso dar ao luxo de desistir. Então vou dando uso a algumas estratégias - a dos AA: hoje não; ou a dos PPPs - Pouco, Pequeno, Possível - para ir tendo, pelo menos, a sensação que vou avançando, ao ritmo da canção passito a passito, mas pelo menos vou avançando. E sempre, sempre, com a ajuda daqueles que, em nome de Deus - ainda que por vezes não o saibam - me vão estendendo a mão e empurrando de volta ao trilho.
Depois de uma Jornada que, por todos os motivos e mais um, me encheu a medida, estou, finalmente! de férias. Como sempre acontece, ontem fui à missa. Uma igreja pequenina, fora dos grandes centros, predominantemente com avós e alguns netos. No altar, um sacerdote que poderia ser avô, a debitar, solene e profusamente, sobre o que aconteceu na JMJ: a maravilha que é ter tanta juventude reunida, a enorme importância do silêncio - que, segundo ele, os jovens não conseguem fazer (e ele não se calou um segundo!) - a organização da Igreja, capaz de congregar gente de todo o mundo, e sobretudo a centralidade da eucaristia dominical pois sem a paróquia nada se consegue. E termina a homilia assim: vamos rezar pelos nossos jovens, para que eles descubram que é possível a alegria na Igreja. Como se a alegria em que vivi mergulhado na semana passada acontecesse por causa deles e não apesar deles! Confesso que me torci todo com aquela homilia autoreferencial. Como é possível, depois do que vivi, dep
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