Tenho andado desligado daqui. É mais ou menos comum, ou sazonal, se entendermos os estados de espírito como estações. Quando ando feliz, acertado, concertado, integrado, tendo a escrever menos. Se a isso juntarmos uma imensidão de coisas para avaliar, fazer e programar, fica mais difícil. Se, ainda por cima, estiver calor e o corpo não respirar, então aí é quase impossível sair alguma coisa, quanto mais alguma coisa minimamente de jeito.

Sim, estou meio concertado (não confundir com consertado, que isso ainda falta), resignado talvez, mas mais feliz. Já não ladro atrás de cada carro que passa ao largo, já não ando à procura da última bolacha do pacote e os moinhos de vento vão sendo menos sedutores. Já tenho muito com que me entreter e, sobretudo, que saborear, calmamente, enquanto me preparo para o por do sol. Provavelmente será da idade, do cansaço na sua versão mais pessimista; da sabedoria na versão mais otimista, que prefiro, mas estou numa outra fase, diferente, porventura mais reflexiva e certamente menos impulsiva. E isso é bom.

Á medida que o tempo passa tenho cada vez mais certezas que julho de 2017 foi um daqueles momentos decisivos da vida. O retiro em Vila Verde permitiu ver-me com outros olhos e, sobretudo, não me julgar tanto. Sei que tenho imenso a construir mas já não me martirizo por isso; sei que tenho imenso a crescer e a fazer mas já não me fustigo sempre que o não consigo; sei do imenso que me falta mas faço disso caminho e não desilusão. Na verdade, não sei se isso é bom ou mau. Depende de quem escuto. Uns dizem-me que baixei a fasquia e me rendi à mediocridade do que sou; outros dizem-me que cresci em sabedoria e por isso permiti que a vida se ajustasse a mim. Ou vice-versa.

Não sei. Sei que de manhã, quando acordo, já me consigo ver ao espelho.
Sem desviar o olhar.

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