20181126
Acho sempre extraordinário quando consigo desmontar algumas das minhas ideias feitas. Tenho uma larga tendência para deitar pela boca fora algumas - para mim - verdades absolutas que a vida se encarrega de desmoronar. Uma delas é que a idade não é um fator importante para mim. E depois olho para o que escrevo e percebo que este tema anda perto da obsessão.
No entanto, há verdades que ainda o são e sempre o foram. A procura de mim próprio, por entre o imenso emaranhado do que eu sou, será, porventura, a minha maior verdade. Agora com uma nova roupagem, fruto de uma certa pacificação que a idade me foi trazendo, mas ainda assim, verdade.
Ontem, na homilia, o Padre Rosas falava acerca disto, da verdade, da verdade de cada um, da conveniente verdade de cada um que para tudo encontra a mais conveniente justificação. E de como isso nos afasta de nós próprios. Acontece-me muitas vezes nas suas homilias escutar apenas uma infinitésima parte delas, porque me remetem para esse tal emaranhado de mim. E ontem vagueei logo pelas minhas verdades, aquelas que conheço bem e assumo, mas também aquelas que, convenientemente, manipulo, para conseguir viver comigo. Não são muitas, já. Mas para o fim fica sempre aquilo que mais nos custa deixar, a perda mais profunda, a dor mais firme e duradoura.
Creio que isso acontecerá com todos, que todos têm lixo que preferem varrer para debaixo do tapete e esconder aos olhares alheios, mantendo aparentemente limpa a casa. Porventura alguns viverão melhor com isso que outros. Eu sei que já vivi. Mas agora, que ando em processo de limpeza da vida e da alma há já alguns anos - pela primeira vez com sucesso - sei bem o que tenho ainda de varrer, sei bem onde está cada pedacinho que precisa ser removido, resolvido, pacificado. E tenho-o feito. Com a arte, a paciência e a sabedoria profunda do Pateta. Nunca sem alguma dor. Que, no entanto, é largamente compensada pela noite com a cabeça em cima da almofada. Em paz.
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Bambora
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