20160804
"Olá. O meu nome é Zé Pinho. Sou casado, tenho cinco filhos."
Já muitos miúdos e graúdos ouviram isto da minha boca. É fácil de dizer e diz o essencial de mim - como é dito num contexto de formação católica, a outra parte que me é essencial está subentendida.
Desde sempre que tivemos muitos filhos. Que agora estão um pouco espalhados. Na próxima semana terei uma em Vila Real, outra nem sei bem mas sei que é numa aldeia do interior (um pai não consegue saber tudo!) outra no Algarve a trabalhar e outro na Tanzánia, em missão. E o mais novo já disse que tem que arranjar maneira de se por ao fresco, que não está para servir de velinha as férias todas. Mesmo aquela tradicional semana de todos juntos não foi possível este ano. Uns iam e outros vinham mas nunca estivemos todos ao mesmo tempo.
Viver com os filhos longe é uma aprendizagem. Mais uma. Se por um lado ansiávamos ambos que esta altura chegasse, se ansiávamos pelo nosso tempo, sem darmos justificações, sem pensarmos em jantares a horas e em roupas e em limpezas; por outro lado vemo-nos agora recuados aos tempos em que namorávamos: os passeios a dois, os jantares a dois, as caminhadas a dois, só que desta vez por entre mensagens de facebook e chamadas para e dos nossos filhos. É bom. É muito bom. Mas não deixa de ser um bocadinho esquisito. E inteiramente novo!
Viver a dois é sempre uma aprendizagem. Exige ajustamento constante, descoberta constante, redescoberta constante, não sendo para isso muito relevante se estamos juntos há três ou há trinta anos. Os desafios que se nos colocam hoje são muito diferentes daqueles que se se nos colocaram ao longo dos últimos trinta anos. São novos, são diferentes, são outros, que nos exigem novas avaliações e novas respostas... e novos ajustes. Constantemente.
Na semana passada pensava acerca de uma frase que deito muitas vezes da boca para fora: "não acredito em casamentos para sempre; acredito em casamentos de todos os dias." É verdade. Mas não é menos verdade que um casamento de todos os dias ao longo de trinta anos tem um outro peso, um outro lastro, uma história feita de cuidar mútuo que dá outro tipo de retorno.... e de desafios... e de segurança!
Estas férias têm sido também isso: um tempo de redescoberta. Mútua e de cada um de nós nos outros. Umas ricas férias!
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