Politicamente, não sou nem de direita nem de esquerda, sou adepto da Doutrina Social da Igreja que, como deve ser, bebe em ambas as margens, sem exclusividades nem radicalismos. No centro está sempre a pessoa, na sua circunstância, na sua luta, fundamentalmente no seu direito à dignidade - e quantas vezes é a própria Igreja a esquecê-lo! Tenho, por isso, uma costela de esquerda no que toca à defesa intransigente dos que mais precisam e se encontram indefesos perante um capital que é demolidor na sua cegueira de busca incessante do lucro; e uma costela de direita perante aqueles que se querem substituir às pessoas e ao seu direito a construir um futuro devidamente recompensado pelo seu esforço e mérito. Esquerda e Direita não me assustam, por isso. O mesmo já não posso dizer dos extremos, quaisquer que eles sejam. Porque vêm da cegueira ideológica e conduzem à cegueira ideológica, à desatenção pelas pessoas concretas nas suas situações concretas e se guiam por agrupamentos ideológicos que mais não são que sacos onde enfiam todos aqueles cujas vozes são discordantes da sua própria cegueira. Porque se movem por interesses de classe e não têm adversários mas inimigos e, porque os têm, são cegos e surdos à realidade, em nome de uma ideologia que é sempre, sempre, desenraizada. Não gosto dos extremos, de nenhum deles, em nenhuma área da vida. E não gosto deles ao ponto de os aceitar, de tentar conviver com eles, de os tentar perceber e, em vão, os tentar demover da extremidade.
Depois de uma Jornada que, por todos os motivos e mais um, me encheu a medida, estou, finalmente! de férias. Como sempre acontece, ontem fui à missa. Uma igreja pequenina, fora dos grandes centros, predominantemente com avós e alguns netos. No altar, um sacerdote que poderia ser avô, a debitar, solene e profusamente, sobre o que aconteceu na JMJ: a maravilha que é ter tanta juventude reunida, a enorme importância do silêncio - que, segundo ele, os jovens não conseguem fazer (e ele não se calou um segundo!) - a organização da Igreja, capaz de congregar gente de todo o mundo, e sobretudo a centralidade da eucaristia dominical pois sem a paróquia nada se consegue. E termina a homilia assim: vamos rezar pelos nossos jovens, para que eles descubram que é possível a alegria na Igreja. Como se a alegria em que vivi mergulhado na semana passada acontecesse por causa deles e não apesar deles! Confesso que me torci todo com aquela homilia autoreferencial. Como é possível, depois do que vivi, dep
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