Não sou muito das redes sociais imediatas. Acho-as, hoje, fundamentais para comunicar aquilo que é breve e passageiro, mas prefiro o que deixa lastro. Por isso sou mais de blogues e de podcasts. Hoje de manhã ouvia um dos muitos podcasts que oiço onde se discutia a última prova de Formula 1, que aconteceu em Miami. Nunca tinha acontecido ali uma prova antes e o que o repórter disse foi que aquilo teve imensa gente, muita animação, mas que apenas 5% dos que estavam lá é que viram a prova ou sabem sequer o que é a Formula 1: os restantes foram apenas para o espetáculo e estariam qualquer que fosse a modalidade. E concluiu "se calhar é isso que é suposto acontecer e eu estou a ser demasiado exigente". Eu pensei imediatamente nas JMJ, que acontecerão no próximo ano. Nada a haver? Na minha opinião, tudo. Sim, será um enorme espetáculo, sim, terá milhares de pessoas, de jovens, sim, será um enorme acontecimento para a Igreja, para Portugal, para o mundo. Será? Até pela minha história de vida, acredito que Deus nos fala por meio de muitas circunstâncias e de muitas pessoas, que Ele está onde menos se espera e em quem menos se espera. E já tive o privilégio de testemunhar algumas dessas formas que Deus tem de se encontrar no íntimo de cada um - em Taizé tantas vezes! - e a transformação que fez acontecer a partir desse encontro. Também já acompanhei pessoas - novas e menos novas - a deixarem diluir Deus nos acontecimentos das suas vidas até O sentirem como um incómodo e a Ele regressarem quando "os ossos doem" e precisam de um amor maior. Acredito, por isso, que todas as pessoas e todos os lugares são possibilidades de encontro. Também as JMJ. Mas não acredito em multidões. Não para além do frenesim interior que, sendo intenso, tende a ser passageiro e em tudo semelhante a um concerto de música pop. É bom? É ótimo. O espetáculo, o estarmos muitos, aos saltos, sentidos à for da pele, a sintonia da multidão vibrante unida num mesmo objetivo, é profundamente inebriante. Eu próprio o farei, este fim de semana, em pleno Dragão, na celebração de mais um campeonato do meu FCP. É significativo para a vida? Em alguns, raros, casos, poderá ser. Mas no que toca às coisas de Deus, acredito que Ele escolhe o pequeno.
Depois de uma Jornada que, por todos os motivos e mais um, me encheu a medida, estou, finalmente! de férias. Como sempre acontece, ontem fui à missa. Uma igreja pequenina, fora dos grandes centros, predominantemente com avós e alguns netos. No altar, um sacerdote que poderia ser avô, a debitar, solene e profusamente, sobre o que aconteceu na JMJ: a maravilha que é ter tanta juventude reunida, a enorme importância do silêncio - que, segundo ele, os jovens não conseguem fazer (e ele não se calou um segundo!) - a organização da Igreja, capaz de congregar gente de todo o mundo, e sobretudo a centralidade da eucaristia dominical pois sem a paróquia nada se consegue. E termina a homilia assim: vamos rezar pelos nossos jovens, para que eles descubram que é possível a alegria na Igreja. Como se a alegria em que vivi mergulhado na semana passada acontecesse por causa deles e não apesar deles! Confesso que me torci todo com aquela homilia autoreferencial. Como é possível, depois do que vivi, dep
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