decidir


Dirigir é, naturalmente, inevitavelmente, um processo solitário. 

Quando trabalho em equipa - algo que não me é natural mas imposto por mim - distingo três momentos distintivos: o da chuva de ideias, o da discussão de ideias e o da aplicação das ideias. De todos, o meu preferido é o da chuva, onde cada um diz o que lhe vem à cabeça, mesmo que seja completamente estapafúrdio. Daqui, por entre risos e descobertas, nasce sempre o fora da caixa, o impensado, o imprevisível, e o que deixa marcas naqueles para quem trabalhamos, que é o mais importante. Aquele em que tenho mais dificuldade - e que exige uma maior concentração da minha parte - é o da concretização. Porque não me é instintivamente tão natural, tenho que apontar tudo e estar permanentemente a impor-me ligar à terra, e agir. 

No entanto, independentemente da equipa, há um momento de solidão. Breve e agradável, quando a equipa funciona, longo e penoso quando algo falha. É quando olho em volta e tento perceber com quem posso contar, quem irá ter dificuldades, quem tem outras motivações que não as comuns à equipa. É quando analiso o discutido e antevejo o resultado. Quando a equipa funciona, dura segundos. Quando tem problemas, dura imenso tempo. Que é sempre difícil.

E depois, quem tem a responsabilidade de decidir não pode ter a expectativa de agradar. Não a todos. Haverá sempre cedências e compromissos e, inevitavelmente, falhas, que, uma vez constatadas, nos fazem perguntar - muito antes de o ouvirmos - se fizemos o que deveríamos ter feito. O que, quando corre mal, nunca foi o caso.

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