Apesar de ser um otimista nato, não sou um inconsciente. E estou preocupado. Com toda esta deriva de violência e extremismos que quase todos os dias nos assalta o quotidiano e perturba a consciência. Eu sei que a maior parte dos acontecimentos é potenciado pela velocidade das redes sociais que fazem com que tudo o que acontece no mundo aconteça aqui e agora. Eu sei que, por causa disso, tendemos a fazer nossos todos os problemas, todos os massacres, todas as discriminações que acontecem do outro lado do mundo. Mas também sei que todos os problemas, todos os massacres, todas as discriminações são efetivamente nossos, onde quer que aconteçam. E que, por isso, as redes sociais não são um alvo a abater mas a admitir, primeiro, e a admirar depois. Claro que nos roubam o sossego, claro que nos entorpecem, claro que nos insensibilizam, mas também nos mobilizam e nos desviam do cuidado hiperatento que temos com o nosso próprio umbigo.

Eu sei História. E sei como, em milhares de anos de civilização, tudo o que é basilar se mantém basilar. Os mesmos medos, a mesma necessidade de defesa, o mesmo nós contra os outros. E, da minha parte, a mesma dificuldade em saber lidar com acontecimentos antagónicos: por um lado, uma noção de liberdade que permite e potencia todos os abusos; por outro lado um extremismo latente e perigosíssimo que abusa permanentemente da liberdade de que goza e se aproveita dela para no-la roubar.

Não consigo perceber como, mas urge por cobro a isso. E alegra-me que, por uma vez, a Igreja que somos nós esteja no caminho certo. Sem dúvidas, sem subterfúgios, sem meias palavras. Tenhamos a coragem de o assumir. Se não o fizermos, de cabeça levantada e voz audível, seremos cúmplices na barbaridade. No mínimo.

Comentários

Mensagens populares deste blogue