“Um transexual – mesmo quem se submeteu a um tratamento hormonal e a uma cirurgia de mudança de sexo – pode receber o batismo, nas mesmas condições dos outros fiéis, se não houver situações em que haja o risco de gerar escândalo público ou desorientação entre os fiéis”, indica o documento, divulgado online e aprovado pelo Papa, informa o Vaticano.

Não consigo entender. Quer dizer: entendo as dúvidas acerca da transexualidade. Mais as minhas, que tenho que fazer um esforço para as passar do coração à cabeça, ou seja, da aceitação natural que cada um  possa escolher quem é (sendo que, nestes casos de transexualidade ou homossexualidade, nem sequer se pode falar de escolha), para a naturalidade do tratamento (refiro-me ao nome escolhido, ao pronome pessoal a utilizar...) que as da Igreja, que deve acolher de braços abertos todos, todos, todos. 

O que não consigo, de todo, entender, é a condicionalidade da aceitação ao risco de escândalo público ou desorientação. Não aprendemos nada com os abusos? Porque temos tanto medo do escândalo público nalguns casos e tão pouco noutros? Porque escolhemos esconder quem prevarica nos abusos, ignorando o imenso sofrimento provocado e escancaramos despudoradamente, recorrendo a artifícios, opiniões sobre as mulheres na Igreja? Como é que o acolhimento, por amor, de alguém, na Igreja, pode estar sujeito ao escândalo que isso pode provocar?. É bom que provoque escândalo. É bom que acorde as pessoas. É bom que nos coloque a todos, enquanto comunidade cristã, atarantados quando estamos longe de Jesus. Ou entendemos nós que Jesus não nos falaria como aos fariseus? Ou estamos tão enfarinhados que não percebemos que, em muitas coisas, é justamente para nós que Jesus fala quando se dirige aos fariseus perguntando se não vemos a trave no nosso olho quando apontamos o argueiro no olho dos transexuais? Mas que moral temos nós, sobretudo nesta altura, para apontarmos o dedo a quem escolhe, muitas vezes contra tudo e contra todos, à custa de enorme sofrimento, corajosamente, viver a sua verdade?

Não entendo!

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