Voltamos a conversar acerca deste buraco, hoje. Mais uma vez, fica a sensação que não me fiz entender. Não há maneira de o fazer. Como posso falar destes buracos a quem nunca os sentiu, nunca lhe pôs a vista em cima, nunca fez parte da sua realidade? Como falar de incompletude a quem se sente completo? Não é possível. Mas também não é possível, ou desejável sequer, tapar esse buraco. Mais vale assumir a sua presença, perceber que está lá, permanentemente lá, e viver com isso, tendo o cuidado de o contornar, tendo a sensatez de lhe encontrar a corda ou as escadas ou pelo menos a mão disponível quando lá se cai. Assim será com os buracos da nossa vida: de nada adianta varrê-los para debaixo do tapete, torná-los omnipresentes de tanto se forçar o seu desaparecimento. Porque o buraco é também parte do que somos. E uma importante parte.
Depois de uma Jornada que, por todos os motivos e mais um, me encheu a medida, estou, finalmente! de férias. Como sempre acontece, ontem fui à missa. Uma igreja pequenina, fora dos grandes centros, predominantemente com avós e alguns netos. No altar, um sacerdote que poderia ser avô, a debitar, solene e profusamente, sobre o que aconteceu na JMJ: a maravilha que é ter tanta juventude reunida, a enorme importância do silêncio - que, segundo ele, os jovens não conseguem fazer (e ele não se calou um segundo!) - a organização da Igreja, capaz de congregar gente de todo o mundo, e sobretudo a centralidade da eucaristia dominical pois sem a paróquia nada se consegue. E termina a homilia assim: vamos rezar pelos nossos jovens, para que eles descubram que é possível a alegria na Igreja. Como se a alegria em que vivi mergulhado na semana passada acontecesse por causa deles e não apesar deles! Confesso que me torci todo com aquela homilia autoreferencial. Como é possível, depois do que vivi, dep
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