Normalmente, trabalho o evangelho de domingo durante a semana. Leio-o, vou-o rezando com a vida e depois, ao sábado, sinto-me apto para preparar os cânticos para a eucaristia. E às vezes, ao domingo, enquanto escuto a homilia, percebo que a minha percepção foi completamente ao lado. Assim aconteceu este fim de semana: eu apenas via o Bom Pastor e ambas as homilias das eucaristias em que participei abordaram a importância do descanso. 

Dificilmente chegaria lá, nesta altura. Porque não é, ainda, altura do descanso e tudo em mim aponta em sentido contrário. Tenho diante de mim a perspetiva de duas semanas absolutamente cheias de trabalho, de actividades fora da caixa, que me envolvem o dia inteiro durante vários dias. Não chegam na melhor altura, depois de um ano que ficará para os anais da história como intenso e extenuante, mas serão como que a cereja em cima do bolo, permitindo, no seu final, que viva o que não consegui viver durante todo o ano letivo: a oração, o serviço e a entrega, com malta nova, durante vários dias.

Vai ser bom, mas, em tempo de balanço de ano - e de vida vivida - vou percebendo que o tempo me vai chamando para outro tipo de atividades. É bom quando o tempo nos fala, e é melhor quando nos permitimos escutar o que o tempo os diz. É uma aprendizagem, também, quando conseguimos escutar o que o nosso corpo e o nosso espírito nos querem dizer. Nunca acreditei nessas coisas da juventude do espírito - sempre preferi abraçar o tempo de cada tempo - que o que tenta é fintar, ilusoriamente, os seus limites em vez de encontrar as suas vantagens. 

O descanso há de chegar. A seu tempo. Por agora, trago à memória aquela meia maratona da Nazaré que fiz ainda miúdo: nos últimos dois quilómetros já víamos a meta, e isso criava a ilusão que faltava pouco... mas faltava o mais difícil, que é a gestão da mente que tem que contrariar o corpo que está nos limites. É um pouco isso que acontece todos os anos por volta desta altura: já vejo a meta, mas o desejo do descanso torna o risco de perder o foco ainda maior. 

Vamos lá. Já falta pouco!

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