20191210


Não é sempre, mas há dias em que a Palavra, que todas as manhãs escutamos durante a viagem para o trabalho, vem mesmo ao encontro do que precisava. Hoje veio. Graças a Deus! Porque eu estava mesmo a precisar dela.

Ainda esta semana disse na catequese, a uma das miúdas mais à procura que conheço - e que está na fase do "não" a tudo, que a Bíblia iria ser o livro mais importante da vida dela. Olhou para mim com aquele ar de incredulidade que a caracteriza, como se eu tivesse dito a maior barbaridade que jamais tinha ouvido. Mas a verdade é que eu, conhecendo-a como a conheço, acredito mesmo nisso. 

Sobretudo para quem se questiona, sobretudo para quem não se conforma, sobretudo para quem anda sempre à procura de ser mais, a Palavra é absolutamente fundamental. Aí encontramos tudo: todas as dores, todos os desesperos, todas as escuridões. E aí encontramos todas as curas, todas as esperanças, toda a luz. A Palavra é resposta confiada de muita vida vivida e, apesar da ilusão tecnológica onde vivemos, nada há de essencial de nós e da vida que não esteja aí presente, seja na forma de história, na forma de conselho, na forma de meta.

Por isso, hoje, veio ao meu encontro. Porque a sensação que me acompanha é a da incerteza de buscar a ovelha perdida. O medo que me acompanha é o de perder o rebanho justamente por causa dessa ovelha. A tranquilidade que me deu a Palavra, hoje, foi a de saber que é justamente isso que me é pedido.

 

20191206


Não me lembro de ter tido um dia tão complicado quanto o de ontem. De problema em problema, de urgência em urgência, de inesperado em inesperado, sempre a correr atrás do prejuízo, sempre em reação, sempre em cima do joelho. E sempre com alguma dose de conflitualidade. Tudo o que eu detesto esteve ontem concentrado no meu dia de trabalho. Cheguei ao final do dia como se tivesse apanhado uma coça: cabeça a rebentar, dores no corpo, completamente esgotado.

No final de um dia assim, nada há de melhor que regressar. Que ter para onde regressar. Que ter para quem regressar. Chegar ao carro, pôr uma musica calma que abafe o trânsito, uma boa dose de conversa, chegar a casa como se chega a um refúgio, com a confiança que aquele é o nosso lugar, que aqueles são o nosso lar. A partilha das nossas vidas, à mesa, por entre gargalhadas, conversas e brincadeiras, com as tecnologias fazendo perto quem já vive longe, traz-me de volta ao essencial, ao fundamental, que é o mesmo que dizer à minha essência e aos meus fundamentos.

Poder regressar, no final do dia, faz com que qualquer tempestade seja sempre passageira.

Bambora

  Não é estranho que nos digam que «ser homem é muitas vezes uma experiência de frustração». Mas não é essa toda a verdade. Apesar de todos ...