20241208

"...é exactamente quando deixamos de esperar que a vida começa a valer a pena."

 https://www.publico.pt/2024/12/08/impar/cronica/dizelo-cantando-gente-2114734

Tenho lido muita coisa boa. Crónicas, sobretudo. Gosto imenso de crónicas, de textos de opinião, de partilhas em textos pequenos que, quando bem escritos, têm a capacidade de me fazer poesia: levam-me a ver o que, distraidamente, apenas olho. Claro que não substitui o intrincado enredo de um bom romance, mas têm outra coisa. São-me quase familiares, provocam aquela sensação de "eu já estive aqui" que me permitem identificar com o que leio. 

No nosso GEP temos falado da espera. De como é bom esperar, de como é bom aproveitar a espera para vivermos antecipadamente o que sabemos que vai acontecer. Não tenho vida para deitar fora e a espera faz parte da vida, logo há que a saber aproveitar e vive-la bem. E eu, que tenho imensa dificuldade com os tempos intermédios - os que são entre uma coisa e outra - tenho aprendido a viver a espera. Sim, eu sei que normalmente o tempo mais importante não é o da espera mas o do acontecimento. Mas quanto mais importante é o acontecimento, mais importante se torna a sua espera. E a sua memória, depois. Quando bem vivida, esta tríade - espera, acontecimento e memória - forma um todo intimamente ligado e é esse todo que se transforma, eventualmente, num grande acontecimento da nossa vida. 

O problema, então, não é o da espera. O problema tem outro nome, que se incidia na espera, perturba o acontecimento e estraga a memória. O problema é a expectativa. Essa é que, se tiver rédea solta, toma conta de tudo. E dá cabo de tudo.

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