Ando fora da linha. Sinto-me um desalinhado. Em quase tudo.
Não sou pessoa de redes sociais - só mantenho o twitter, o resto eliminei há pouco tempo – mas sempre fui de blogues e podcasts. Talvez porque ambos privilegiem a palavra e não o fugaz. Quem escreve ou quem fala tem a possibilidade – quando não a obrigatoriedade – de explanar o que pensa, o que diz e porque o diz. Isto tem-me permitido ir conhecendo as opiniões dos políticos, dos jornalistas, dos comentadores, ou mesmo dos anónimos como eu – alguns que sigo e com quem troco impressões há anos - o que me fornece ferramentas para que eu próprio possa enriquecer o meu pensamento. Claro que aqui e ali vou sendo influenciado pelo que leio e oiço - se assim não fosse, estaria apenas a perder tempo – mas ultimamente sinto-me cada vez mais a solo, sobretudo face à irrazoabilidade que vai sendo cada vez mais comum. Seja na Igreja, seja na política, seja no futebol, seja em qualquer outra dimensão mais ou menos pública, parece que a palavra da ordem é a desordem, o insulto fácil, o extremar das posições, onde a ponderação é vista como sinal de fraqueza. Eu conheço, intuitivamente, este modo entrincheirado de viver a vida, é-me muito natural o instinto de diabolização do outro – permanente resquício do bairro – e sei como é fácil e apelativa a segurança do grupo dos que pensam como eu penso. Mas passei anos a fugir disso, a aprender a escutar, a dar lugar, a tentar perceber a argumentária diferente da minha e a vê-la como a melhor maneira de crescer.
E não me apetece nada recuar.
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