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A esta hora, na Sala dos Professores, o que mais se ouve é “Bom dia”. Para muitos, é mais um ritual daqueles que usamos sem pensar. Para outros, no entanto, é mesmo a formulação de um desejo: que este seja, efetivamente, um bom dia. E logo de seguida tudo fervilha a um ritmo alucinante. Olhos nos computadores, breves conversas para concertar mútuos procedimentos, arranjos de última hora para que apenas falhe o mínimo possível, pedidos e aceitações de propostas de trabalho com as turmas. A Sala dos Professores é um lugar muito interessante, assim como a mesa de uma família. Aqui estamos à vontade, aqui acontecem encontros e desencontros, aqui se dizem coisas que dificilmente serão repetidas fora desta sala pois não são mais que meros desabafos mais ou menos sentidos. E estamos a chegar àquela altura do ano em que o que mais se vê são rostos fechados e o que mais se ouve são grunhidos guturais de quem está focado no que tem que fazer. Está aí a pressão do final do ano, uma pressão quase insuportável que advém da consciência da responsabilidade da construção do futuro dos miúdos que temos diante de nós. Por vezes quase cedo à tentação de me sentar a um canto da Sala dos Professores e olhar. Apenas olhar. E deixar que a admiração por quem se empenha assim na sua profissão me sirva de alento.
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