Estávamos ambos em silêncio e eu apercebi-me que esse mesmo silêncio nos era confortável. E de como era incomum isso acontecer. E como é importante isso voltar a acontecer.
O silêncio é um excelente barómetro, porque é um amplificador, não de sons, mas de sentimentos. Quando estamos bem connosco próprios, quando sentimos que usamos a pele certa em cima do corpo, quando os outros nos são desejados e queridos, quando a harmonia acontece, o silêncio acentua essa mesma harmonia. Dispensam-se as palavras, a conversa de circunstância, e o diálogo acontece de dentro para fora, transbordando nos sentires, escasseando nos pareceres.
Adoro quando essa é a sensação prevalecente. Quando a intimidade nos é tão transbordante que não precisa de ser artificialmente enchida, quando nos basta o pulsar do coração do outro, quando se consultam os olhos e os toques e tudo é carinho. Íntimo e profundo carinho.
Acredito que é este o ecossistema da intimidade. Quando eu sou eu, de corpo e alma, em ti.
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