Dois dos nossos cinco filhos são médicos. Não são super-heróis. São profissionais. De corpo inteiro, dedicados, com um orgulho e entrega à sua profissão apenas equiparável à frustração que sentiam pela escassez de meios e pela desorganização com que todos os dias se deparavam. Sim, este é o tempo verbal correto. Porque agora não se queixam e não se sentem frustrados. Ao vê-los lembro-me dos soldados, ansiosos por chegarem à frente da batalha.
Outro dos filhos - filha - "mora" noutro campo de batalha. Para ela, jurista de formação e política de vocação - no que a política tem do dever de acautelar e cuidar a causa comum - a saúde é muitíssimo importante e em tempo de guerra não se limpam armas, mas... pensa sobretudo nos sobreviventes, no que ficará desta batalha, nas marcas quotidianas que transportaremos anos a fio, provavelmente décadas a fio. A sua preocupação maior é o efeito na democracia, se aproveitamos para nos voltarmos a fechar ou se reforçamos os sentido de comunidade; se as liberdades, tão duramente conquistadas, estão asseguradas, ou se retrocedemos ao início do século passado; se a economia nos permitirá viver, ou se a tudo será feito um reset, game over, wellcome to a new game, a new life.
Manhã do segundo dia de covid.
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