20160429


Nos últimos dias tenho sido acometido pelo pecado da inveja. Tremenda inveja! Nas minhas habituais e matinais caminhas pela foz, eles passam constantemente por mim. Mochila às costas, roupa ligeira, olhos bem abertos, corpos curvados, rostos felizes. Apetece-me largar tudo e, logo ali, seguir-lhes  as pisadas. Sim, eu sei que irei fazer isso mesmo em Junho. E em Setembro. Sim, eu sei que ainda esta semana cheguei de algo parecido - mas que não tem nada a ver - e que as pernas ainda acusam essa caminhada. Sim, eu sei que já vai sendo tempo para ganhar algum juízo e deixar que o corpo imponha os seus limites. Sim, eu sei isso tudo, mas como em tudo aquilo que é verdadeiramente importante, o que sei não pode muito quando se debate com o que eu desejo. E o que eu desejo, nestes primeiros dias quentes, nestas primeiras manhãs verdadeiramente solheiras, é justamente pegar na minha mochila, enfiar lá para dentro meia dúzia de peças de roupa e partir.

Em boa verdade, gostaria muito, imenso, de o fazer completamente só. Me, myself and i. Ao meu ritmo, com os meus condicionalismos, respeitando as minhas próprias opções. Não será este ano que isso acontecerá, mas quero acreditar que não andará longe essa possibilidade de me concretizar no caminho. Poder desfrutar do silêncio interior, poder apreciar o que me vai passando diante dos olhos, conseguir o meu próprio esquema de deitar-dormir-levantar, escolher se fico ou onde fico ou até quando fico, é um privilégio de que nunca dispus (nunca quis dispor?) no caminho, como na minha vida.

Um dia destes...

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Sentar e conversar. Nem sempre resulta. Aliás, é um processo, um caminho com várias etapas, sendo que apenas resulta no final. Mas até chega...