20241016

Seguíamos para o aeroporto. A minha filha é coordenadora de uma equipa numa multinacional e volta e meia sou um pai Uber de todos os meus filhos. No caminho falava com ela de algo que me inquietou: na despedida do congresso das escolas católicas os dirigentes estavam em cima do palco. Só homens. Da área do ensino onde, como sabemos, as mulheres estão em larga maioria. A estranheza foi tanta que eu, que normalmente não ligo puto a isso, reparei. Só homens. O que significa uma de duas coisas: ou elas não são competentes para estar lá, ou são impedidas de lá chegar. Não gosto das quotas, não ligo se são homens ou mulheres, parto sempre do princípio que a competência fala mais alto. Sou ingénuo, claro. E partilhei isso com a minha filha. E ela, que nessa mesma semana tinha estado numa operação da Team Building da sua empresa, disse que o mesmo se passava lá: nas chefias superiores, só homens. Daí para baixo, quase só mulheres. Não entendo. Para mim nunca foi importante quem me dirigia, a não ser a sua competência. Não é importante o género, a orientação sexual, a altura, o peso, o nome, a condição... ninguém me merece mais ou menos respeito por causa das suas circunstâncias ou escolhas pessoais. E não tenho qualquer dúvida que é um erro considerar tudo isso um obstáculo para o que quer que seja num clima organizacional (já para não falar do âmbito das relações pessoais). Eu, que fico solenemente irritado com os "portugueses e portuguesas" dos nossos políticos, percebo que as mulheres se possam sentir relegadas para segundo plano quando me deparo com estas coisas. Mas acredito que não será por muito tempo. Nem elas deixam.

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