20240923

“Cada religião é um caminho para chegar a Deus. Existem diferentes línguas para chegar a Deus, mas Deus é Deus para todos…Existe apenas um Deus e cada um tem uma língua para chegar a Deus” (Papa Francisco)

É evidente, não é? Para mim já o é há imenso tempo, mas caímos sempre na tentação de enclausurar Deus, de O fazer nosso e apenas nosso como única maneira de nos sentirmos especiais diante d'Ele. Durante anos ouvi, nomeadamente na faculdade, a dizer que sim, todas as nossas religiões têm algo de validade, mas a nossa é a melhor. Desde sempre o contestei. No início porque intuía que não seria bem assim, depois, à medida que fui crescendo na fé, fui confirmando com alguma racionalidade essa intuição. 
Mas na verdade, o que me preocupa é a minha necessidade de validação. Apesar de ser para mim quase uma evidência o que disse o Papa Francisco, não consigo deixar de sentir alegria por ele dizer o mesmo que eu. Como se precisasse que ele o dissesse para que eu o diga à boca cheia. Na verdade, não preciso, porque já o dizia, mas há uma necessidade de validação, uma necessidade de me encontrar do lado certo da cerca, do "eu tinha razão, embrulha" que sendo humana, me desagrada em mim. Para começar, a cerca não me agrada. É-me constitutiva, faz parte de quem sou, mas não me agrada. Nada. Depois, porque na verdade não há lados certos e errados quando falamos de Deus, sobretudo se o fazemos a partir da verdade da experiência pessoal e comunitária de cada um. Quando falamos de Deus há patamares, há intenções, há fé - sim, há sempre fé nas afirmações positivas ou negativas acerca de Deus - há lugares a partir dos quais falamos, mas falamos sempre do que não conhecemos porque nos é infinitamente interior e infinitamente maior. Somos sempre infinitamente pequenos quando falamos de Deus. Quer seja eu, quer seja o papa. 

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