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Adoro a presença dos meus. Dos filhos, dos amigos, dos companheiros de jornada, da família, de todos aqueles que me ajudam todos os dias nesta travessia que é a vida. Mas gosto muito, preciso muito, da distância. De estar sozinho, de caminhar sozinho, de pensar sozinho, da reserva, de sentir saudade.
A saudade é uma forma de amor, e sentir saudade é uma forma de sofrer por amor e, incurável romântico que sou, sofrer por amor não é uma má forma de sofrimento. Na verdade, apenas sinto saudade de quem me toca a alma, e esse é um poder que eu, por amor, concedo a alguns, e que permanece, imune ao tempo e à distância, Por isso eu gosto da saudade. Não raras vezes sorrio estúpida e aparentemente sozinho quando na verdade as memórias me enchem a alma de conversas, de caminhadas, de boas recordações. Claro que a saudade dói, e quando a distância nos é imposta e não voluntária, dói como o caraças. Claro que, se pudesse, meter-me-ia já no carro e iria ao encontro da minha gente, nem que fosse para rever o seu olhar por breves segundos. Porque a saudade, particularmente daqueles que acampam cá por dentro, tem destas paradoxalidades:não se obedece ao tempo e à distância nem na separação nem no reencontro: uns breves momentos com quem se ama fornece perene alimento ao amor.
Nestes tempos de confinamento, tenho saudade. Imensa saudade! Quero acreditar que possa ser sinal de uma vida cheia... de gente de quem vale a pena sentir saudade!

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