55 anos! Quando era pequenito, as pessoas com 55 anos eram velhotas. E sábias. E resolvidas. Ou então eram tidos por mim como adultos esquisitos que tinham a mania que eram novos, o que era horrível. Pior, muito pior, que uma pessoa de 55 a queixar-se como se tivesse 65 é estar convencido que tem 35. Isso é ainda mais idiota que quando tinha 15. Eu fiz 55.
Ainda hoje, numa deliciosa e peripatética conversa, disse que estou mais perto dos 60 que dos 50, e isso deixa. naturalmente, lastro. Começo a ver e a sentir de maneira diferente, a desejar outro tipo de coisas, a programar outro tipo de futuro, onde a serenidade seja a palavra de ordem. A correr bem, terei mais 10 ou 12 anos de vida profissional ativa, cuja saída convém, por mim e por aqueles a quem sirvo, ir preparando. Tranquilamente, com tempo, calma e a sabedoria possível.
Ainda ontem, numa deliciosa viagem de regresso de uma longa reunião de trabalho, falávamos disso, de ciclos, de preparação, de renovação, de dar lugar a quem possa fazer evoluir tornando ainda melhor o que já é bom. Nunca acreditei num Deus que escolhesse pessoas para serem especialmente abençoadas por dons ou capacidades sobre-humanas. Acredito, isso sim, num Deus que dá, que se dá, e a todos nos deu dons que escolhemos - ou não - tornar vida vivida pela dedicação, pelo empenho, pela superação própria motivada pelos outros, na descoberta de si e consequente entrega aos outros.. E acredito sobretudo em caminho. Comum, partilhado, aprendido e ensinado, como oportunidade e meio de crescimento.
O dia não dá lugar à noite sem passar pelo entardecer e a noite vai-se deixando contagiar pelo amanhecer antes de dar lugar a um dia que, sendo inteiramente novo, não é inteiramente novidade, mas continuidade, percurso, parte de uma história que se quer melhor e em sentido crescente.
Espero que seja assim a minha vida.
Tento que seja assim o me percurso.
Desejo que sejam assim as memórias de mim.
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