Lá em casa discutimos bastante as opções de vivência da fé de cada um de nós. Que são tantas quantos somos nós, porque apesar de os nossos filhos terem plataformas idênticas - o que não acontece comigo e com a Isabel que, neste campo, vimos de sítios muito diferentes - a forma como cada um deles incorpora e celebra a fé é múltipla. Enquanto eram miúdos essa era uma das nossas responsabilidades, e cumprimo-la. Fizeram o percurso catequético normal, participaram na eucaristia connosco, cantaram, foram catequistas, membros e orientadores de grupos juvenis, assumiram responsabilidades no Fé e Luz, rezamos juntos à refeição... tudo como manda a sapatilha. Depois, foram saindo de casa à medida que acabavam os seus cursos, foram saindo de casa, largando as saias de mãe - sempre bem mais incisiva que eu nestas coisas - conhecendo e escolhendo as suas companhias de caminho, e agora nem sempre participam na eucaristia, nem sempre rezam, nem sempre é clara para nós a sua escolha pessoal em ter Deus na sua vida. Sempre que conversamos sobre o curriqueiro dos seus dias vejo neles, de forma clara, a presença de Deus. Todos eles vivem a vida com os olhos postos nos outros, todos eles têm a dimensão do sagrado muito clara, todos eles são contestatários da Igreja mas andam à procura de uma maneira de a encaixar na sua forma de viver a fé. Eu, que sempre fui mais de ver copos cheios, percebo-lhes o percurso, que tem que ser o seu percurso, e sobretudo leio o tempo de maneira diferente. Não fico demasiadamente preocupado com a sua fase atual porque a vida ainda não lhes falou - nós esforçamo-nos bastante para que a vida lhes fale quando estiverem preparados para a escutar - e porque acredito que, quando acaba o nosso trabalho de pais é quando trabalha neles Deus de forma mais incisiva. Por isso, quando sentirem os ossos na pele, Deus falar-lhes-à e eles, que conhecem a Sua linguagem, saberão escuta-Lo.
20210105
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