Descobri-o há alguns anos, por entre lágrimas, em Taizé. Procurava-o há bastante tempo, tentando dar cumprimento a um daqueles desafios que chegam, instalam-se, e não me deixam e paz enquanto não forem cumpridos. Desta vez conseguira-o. Já o conhecia, já o tinha lido e relido, já tinha trabalhado em cima dele, mas estas coisas da Bíblia são assim: o que não era ontem, hoje é-o, inteiramente, renovado, inteiramente pleno de sentido, e fazem-me também inteiro, no desejo de o cumprir. Não é fácil. Não tem sido fácil. Sobretudo porque é muito voltado para fora, o que me tem que apanhar distraído da excessiva atenção que normalmente dedico a mim mesmo. Nada na minha fé corresponde ao que eu sou, mas responde ao meu desejo profundo de ser, e esta passagem bíblica fá-lo na perfeição. Preciso muito, sempre, de me recordar o que começa por me pedir. Preciso muito, sempre, de me tornar luz, de ser meio dia. E, apesar de tudo, gosto de acreditar que sou um bom ouvinte. E quase sempre isso basta para que, das ruínas, renasça a Vida!.
Se retirares da tua vida toda a opressão, o gesto
ameaçador e o falar ofensivo, se repartires o teu pão com o
esfomeado, e matares a fome ao pobre, então na escuridão em que vives
brilhará a luz, a tua obscuridade transformar-se-á em meio-dia. O
Senhor será sempre o teu guia, até em pleno deserto saciará a tua fome e
dará vigor ao teu corpo. Serás como um jardim regado! Como uma fonte
abundante, cujas águas nunca secam. Reconstruirás as velhas ruínas,
levantá-las-ás sobre as antigas fundações. Vão chamar-te «Reparador das
brechas e restaurador de ruas destruídas.»
Is 58, 9-12
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