"A Quaresma é uma viagem que envolve
toda a nossa vida, tudo de nós mesmos. É o tempo para verificar as estradas que estamos a
percorrer, para encontrar o caminho que nos leva de volta a casa, para redescobrir o vínculo
fundamental com Deus, do qual tudo depende. A Quaresma não é compor um ramalhete
espiritual; é discernir para onde está orientado o coração. Aqui está o centro da Quaresma: para
onde está orientado o meu coração"
Papa Francisco, Homilia da Missa das Conzas, 20210217
Aprendi
a gostar da Quaresma. Aprendi que preciso da Quaresma.
Aprendi-o na
Quaresma de Taizé, onde fiz Quaresma e Páscoa tantas vezes, onde tantas
vezes cheguei um e saí outro, totalmente novo, totalmente renovado.
Foram anos de confronto pessoal, de luta intensa, onde me identifiquei
muito com o Saulo caído do cavalo, de choro compulsivo e profunda
alegria, de morte e ressurreição, de verdadeira e vivida Páscoa.
Foi na Quaresma de Taizé, numa quinta-feira, que descobri, em Isaías 58,
9-12, aquela que é a minha passagem bíblica, o meu propósito, o meu
desejo de ser, nunca alcançado, nunca alcançável, mas desde aí sempre
almejado.
Foi na Quaresma de Taizé que aprendi a ir olhando para mim,
com olhos de ver, sem desculpas, mas com olhos de Misericórdia, da
Misericórdia do Pai em cujos (a)braços me refugiei tantas quantas as vezes
em que para ele regressei.
Foi na Quaresma de Taizé que me refiz, que me reencontrei,
que redescobri o amor e o que era ser, verdadeiramente, amado, e como
precisava, profundamente, de me deixar amar.
Este ano não terei Taizé. Tenho Quaresma.
Tenho o recolhimento, tenho a leitura, tenho o silêncio, a mesma necessidade de amar e me sentir amado, apesar de a dor do desamor já não me habitar as entranhas. E tenho Isaías e a Palavra e a Oração e o Serviço.
E a necessidade, sempre presente, de renascer, de recomeçar, de repensar, de redefinir. O rumo, o caminho, o ritmo, e, fundamentalmente, a verdade do que sou e vivo.
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