Tento muitas vezes manter a calma. Não me zangar. Dar tempo. Maturar, deixar que as coisas façam o seu caminho cá por dentro antes que faça ou diga o que invariavelmente faço ou digo sob pressão: asneiras. E culpa, depois. Por isso tento arrefecer, escutar - é muito importante escutar - dar lugar ao outro e só depois comentar. Com calma. Sem me zangar. Sem me enfurecer. Sem permitir que isso me roube de mim. No início, raramente acontecia. Agora já vai acontecendo. É um caminho. Longo, pedregoso, cheio de lentas subidas e íngremes descidas, feito de muito mais recuos que avanços, de dores de garganta à custa de tantas vezes engolir em seco. Mas é um caminho. Que se faz. Que se vai fazendo. Que se vai aprendendo a gostar à medida que se pára para apreciar a paisagem do já percorrido. Que se vai auto-alimentando: gosto mais de mim quando consigo ser sereno, consigo serenar melhor à medida que vou aprendendo a gostar de mim. Porque sinto que tenho cada vez menos a provar. E cada vez menos tempo para saborear. Por isso é tão importante saborear. E viver. Sobretudo viver saboreando o que vou vivendo.
20210201
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“Keep this thought handy when you feel a fit of rage coming on: it isn’t manly to be enraged. Rather, gentleness and civility are more human, and therefore manlier.
A real man doesn’t give way to anger and discontent, and such a person has strength, courage, and endurance, unlike the angry and complaining.
The nearer a man comes to a calm mind, the closer he is to strength.”
MARCUS AURELIUS, MEDITATIONS, 11.18.5b
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