Tenho vindo pouco aqui. E quase sempre apenas de visita. Por vezes perguntam-me porquê, o que se passa para que eu escreva tão pouco. Fico sempre surpreendido. Para começar, que me leiam. Depois, que isso possa ser significativo. Finalmente, que me perguntem. Porque nesse momento - e apenas nesse momento - coloco a mim mesmo essa pergunta. Porque normalmente os dias se sucedem uns aos outros sem que eu sequer me aperceba se escrevi ou não. Normalmente é nessas alturas que eu acordo e percebo que tenho sido mais fazedor que pensador. E não sei se isso é bom. Claro que penso nas coisas, mas normalmente canalizo o que penso para formas de fazer e menos para formas de ser. Penso, mas não me penso. E quando me penso é relativamente a algo que tenho que preparar: uma oração, uma formação, uma catequese, um encontro. E a distância acentua-se. E às tantas vejo-me mais a dizer coisas bonitas que refletidas. E genuínas. E isso, sim, é mau.
Numa destas noites mal dormidas senti necessidade de fazer um glossário. De convicções. Das minhas convicções. Algo a que pudesse recorrer rapidamente quando leio alguma coisa, quando penso alguma coisa, quando digo alguma coisa. Sim. Por vezes é esse o meu nível de perdido. Lembrei-me disso ontem quando estava a observar o meu neto entretido com os seus dedos e lhe trouxeram meia dúzia de brinquedos. Ele ficou mais agitado. Pegava em dois ao mesmo tempo e chorava pelos que não conseguia pegar. Eu estou mais ou menos assim. Tenho que voltar a olhar para os meus dedos. Que serenar interiormente. E fazer o meu glossário. De vida.
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