Eu acredito que um dia estarei de frente para Deus. Acredito que ele me acolherá, com o Seu amor de Pai, e me confrontará com a minha vida. Acredito que nos sentaremos numa conversa onde o tempo é sem tempo, que é o que acontece com quem se ama. Hoje estava na eucaristia e pensava nisto. O meu pároco dissera na homilia que ninguém se salva sozinho e nessas alturas eu sorrio sempre, agradeço sempre. Eu sei, desde sempre, que sozinho não teria a mínima hipótese. Sei-o desde sempre porque desde sempre fui resgatado por quem me ama o suficiente para me salvar de mim próprio. Sempre tive quem me dissesse "basta", quem me acordasse e abanasse e me fizesse chegar onde eu jamais chegaria sozinho. Às vezes, naquelas vezes em que preciso de ver o outro lado da vida, gosto de pensar que se calhar isto é também um dom. Deixar-me levar, deixar-me conduzir para melhores lugares de mim. Ou então ser suficientemente amável pelos outros, ao ponto que eles se preocupem verdadeiramente comigo, ao ponto de me verem para além de mim. No entanto, mesmo nesses dias, o que sinto é gratidão. Porque alguém que é moldável pode sê-lo de muitas maneiras. E se acredito e confio que, um dia, estarei junto do Pai em amena conversa de quem se ama, é porque Ele entenderá que, apesar de mim, foi o Amor dos outros que me salvou.
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