20190509


Disse à mesa que o Jean Vanier iria ser santo rapidamente. Como é hábito quando falo nestas coisas cuja importância os meus filhos ainda não entendem, fui olhado de lado, meio no gozo, como se eu vivesse noutro mundo. Como é hábito, sorrio e deixo que a vida se instale.

De há uns anos para cá - creio que depois de visitar a campa do Ir. Roger - tenho vindo a perceber como é importante termos contacto com santos. Atuais. Conhecermos a vida deles, lermos os seus escritos, contactarmos diretamente com a sua obra. Na verdade, pouco sei da sua vida concreta, mas o seu legado é uma lição de vida. Tanto o Ir. Roger como Jean Vanier são parte da nossa casa, apesar de nunca lá terem estado. Os meus filhos estão ou estiveram envolvidos com a dinâmica de vida e oração de Taizé e estão ou estiveram envolvidos na dinâmica de acolhimento do Fé e Luz. Não conhecemos os seus fundadores pessoalmente e, no entanto, pautam alguns dos momentos das nossas vidas. E isso é bom. Muto bom. Ainda que eles ainda não o consigam perceber.

Recordo-me da controvérsia que eu provocava sempre que dizia que o Papa não tinha mais responsabilidade que eu ou qualquer cristão na transmissão da fé. Claro que tudo o que ele diz ou faz tem uma outra dimensão mas acredito que aquilo que cada um de nós diz ou faz é igualmente importante. Para a formação da fé dos filhos o testemunho dos pais é mais importante que o do Papa, para a aprendizagem do processo de escolhas também, e acontece o mesmo na forma como a fé se plasma ou não no concreto da vida vivida. A minha responsabilidade na transmissão da fé é igualzinha à do papa. Temos papéis diferentes mas temos a mesma responsabilidade. Se não aos olhos dos homens, pelo menos aos olhos de Deus.

Da mesma forma, acredito que pessoas como o Ir. Roger e Jean Vanier e uma imensidão de outras cujos nomes desconhecemos fizeram muito mais para a vida de fé de alguns jovens que todos os papas juntos. Não são menos ou mais por isso, são diferentes. Assim como eu e qualquer cristão. Por isso é muito bom quando descubro que tenho para quem olhar para, pelo menos em alguns aspetos, tomar as medidas da minha própria vida. Se a minha referência fundamental é Jesus - é com Ele que me meço todos os dias - fico sempre feliz quando confirmo que outros apostam a vida em fazer o que Ele fez. E, Graças a Deus, à minha volta encontro, todos os dias, pessoas assim, que, quando me meço com elas, saio a perder. É sinal que estou no caminho certo.

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