20181227






Recentemente, em resultado de uma proposta que me fizeram à qual acedi mais curioso que convicto, fiz uma série de regressões a alguns acontecimentos importantes da minha vida. Na verdade, a única coisa nova para mim nesse processo foi a condução exterior, porque revisitar-me, procurar-me, desmistificar-me, é algo que faço com alguma frequência e nem sempre com bons resultados. Talvez tenha sido por causa disso que tudo aquilo deu em nada. Talvez porque não visitasse nada de novo, talvez porque, nesta fase da minha vida, nada haja no meu passado que considere assim tão importante mudar, talvez porque pretenda continuar neste processo de aceitação do que sou tal como sou, porque é assim que me apresentarei ao meu Deus.

Tudo isto tinha como pano de fundo a minha gaguez e a minha vontade de a "curar". Acontece que nem acreditava numa possível cura nem sentia grande necessidade de ela acontecer na minha vida. Gaguejar faz parte do que sou e, se pudesse alterar alguma coisa de essencial em mim, gaguejar dificilmente estaria no top ten. Ao formular isto em voz alta não sei quem ficou mais surpreendido, se eu se o psicoterapeuta. Mas é verdade. Se eu pudesse alterar algo em mim talvez escolhesse a permanente dependência afetiva, ou as explosões de mau feitio, ou me consederia uma maior proactividade, maior clareza de espírito, substituir algumas perguntas por respostas mais consolidadas, maior serenidade, muito maior sabedoria... tanta coisa!

Contudo, parece-me interessante a possibilidade de revisitar pessoas e momentos e palavras e atitudes. Sobretudo aquelas que provocaram alguma dor. Sobretudo em alguém que não a mim. Claro que o passado já passou e nada há a fazer para remediar a situação. Mas se essa revisita me permitir acautelar futuras dores, sobretudo alheias, creio que terá valido a pena.

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