20160517
Por esta altura do ano, nas minhas caminhadas matinais, passo todos os dias por santiagueiros. E mordo-me de inveja. Vê-los com as suas mochilas, o seu passo certo, o seu olhar, apreciador da beleza envolvente, mas determinado, leva-me a ansiar pegar na minha própria mochila e partir. Em boa verdade, Santiago é apenas um pretexto: não lhe tenho especial devoção, ou à Senhora de Fátima, ou a qualquer outro santuário. Vou acreditando cada vez mais, que é o caminho o que verdadeiramente importa. O exterior e o interior. E, fundamentalmente, o comum.
Se não tenho particular devoção a santuários, o mesmo não se passa em relação às pessoas que me acompanham na jornada.
Ontem, a propósito do Pentecostes, vagueava pela melhor definição de Espírito Santo que conheço: numa relação de amor existem sempre três entidades diferentes: o que ama, o que é amado e o amor que flui entre eles. Esse amor é o Espírito Santo.
Não acredito num Deus do Livro. Acredito num Deus das pessoas. O Livro é muito importante, a Instituição é muito importante, a Hierarquia é muito importante, mas tudo isso decorre das nossas próprias limitações humanas e da nossa própria necessidade de nos sentirmos constantemente recordados do que é verdadeiramente importante. Fossemos perfeitos como O Pai É Perfeito e não sentiríamos necessidade de Livro, Instituição ou Hierarquia. As nossas relações, as nossas vidas, os nossos pensamentos, seriam pautados definitivamente pelo Amor, sem qualquer outra regra que não amar muito. Mas não somos perfeitos. Temos laivos de perfeição, momentos, breves, fugazes, intensos, profundos, alternados com imensas coisas que detestamos em nós próprios mas com as quais temos que lidar e que têm o condão de nos colocar os pés na terra.
É a caminhar que me sinto sempre mais perto da perfeição. Qualquer que seja a forma de caminhar. Tanto pode ser de mochila às costas, com o olhar num qualquer horizonte, como até pode ser na mesa da cozinha lá de casa, no meio da algazarra de uma das nossas refeições. O importante é este sentir-me a caminho, sentir que falta ainda algo para chegar, que falta ainda algo que caminhar e ir tentando apreciar a paisagem nos entretantos. Louvando a Deus pelo caminho e, sobretudo, por quem me dá o enorme privilégio de me deixar caminhar junto de si.
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